Conselho para analisar a linguagem codificada e a discriminação racial por meio de emojis
16 de Outubro de 2025
Hoje, o Comitê anunciou novos casos a serem levados em consideração.
Como parte disso tudo, estamos convidando pessoas e organizações a enviarem comentários públicos usando o botão abaixo.
Seleção de casos
Como não podemos ouvir todas as apelações, o Comitê coloca como prioridade casos que possam afetar muitos usuários no mundo todo, que sejam de importância fundamental para o discurso público ou que levantem questões importantes sobre as políticas da Meta.
Hoje, os casos que estamos anunciando são:
Emojis direcionados a pessoas negras
2026-001-FB-UA, 2026-002-IG-UA
Apelações de usuários
Envie um comentário público usando o botão abaixo
O Comitê de Supervisão abordará os dois casos a seguir de forma conjunta, decidindo se defende ou invalida as determinações da Meta em cada situação.
O Comitê selecionou dois casos em que emojis de macacos foram usados para se referir a pessoas negras.
O primeiro caso diz respeito a um vídeo curto publicado no Facebook, em maio de 2025, por um usuário brasileiro.
O vídeo mostra uma cena do filme A Ressaca, na qual dois personagens discutem em português sobre a posse de um macaco.
Na imagem, há um texto sobreposto mencionando os clubes de futebol espanhóis “Barcelona” e “Real Madrid”.
Durante a discussão, o personagem identificado como “Real Madrid” chega a apontar brevemente uma arma para o personagem rotulado como “Barcelona”.
Outro texto sobreposto faz alusão a jovens talentos do futebol brasileiro, e a legenda da publicação contém apenas um emoji de macaco.
A publicação ultrapassou 22.000 visualizações e foi denunciada por 12 pessoas.
O segundo caso refere-se a um comentário feito em maio de 2025 em resposta a um vídeo publicado na conta de um usuário do Instagram.
No vídeo original, o usuário aparece em frente à câmera demonstrando indignação após presenciar um episódio de racismo na Irlanda, em que um grupo de adolescentes proferiu um insulto racista contra uma mulher negra em via pública.
Na legenda da publicação, o autor manifesta solidariedade à vítima e ressalta que é plenamente possível ser negro e irlandês — uma realidade que, segundo ele, “pessoas brancas privilegiadas” evitam discutir.
O usuário também encoraja outras pessoas a se posicionarem, promoverem diálogos difíceis e pressionarem por uma atuação mais eficaz da sociedade contra o racismo.
A legenda é finalizada com uma hashtag conclamando o combate ao racismo na Irlanda.
Como resposta a esse vídeo, outro usuário comentou que não concordava com a mensagem transmitida.
Em seu comentário, ele questiona o autor do vídeo sobre o que pretende fazer diante da situação, além de afirmar que deseja que tudo “exploda” e que ele “se divirta gloriosamente com todos os [emojis de macaco] e na rua”. O comentário incluía diversos emojis de macaco, bem como emojis de riso e oração, e fazia referência a “dias gloriosos pela frente”. A publicação original teve mais de 4.000 visualizações, e 62 pessoas denunciaram o comentário.
As duas publicações foram denunciadas por Conduta de Ódio e encaminhadas para análise pela Meta.
No entanto, elas não passaram por uma reavaliação e continuaram disponíveis nas plataformas.
Nos dois casos, os usuários que denunciaram as publicações recorreram da decisão da Meta de mantê-lo no ar.
Após a análise feita por revisores humanos, a Meta confirmou suas decisões iniciais nos recursos apresentados. Diante disso, os usuários levaram os casos ao Comitê.
Nas declarações enviadas ao Comitê, os denunciantes argumentaram que as publicações continham linguagem racista ao associarem pessoas negras a macacos.
O denunciante do segundo caso destacou que o uso de emojis em substituição a palavras configura claramente racismo e apontou falhas nos sistemas automatizados de detecção do Instagram.
Como resultado da seleção desses casos pelo Conselho para análise, o Meta determinou que suas decisões iniciais estavam erradas e removeu as publicações em julho de 2025 por violarem o Padrão Comunitário de Conduta Odiosa da empresa. A política externa proíbe conteúdo "direcionado a uma pessoa ou grupo de pessoas (...) com base em suas (...) características protegidas", incluindo raça, etnia e nacionalidade, "de forma escrita ou visual". Isso abrange "discurso desumanizador na forma de comparações ou generalizações sobre ... animais em geral ou tipos específicos de animais que são culturalmente percebidos como inferiores (incluindo, entre outros: pessoas negras e macacos ou criaturas semelhantes a macacos)". Essas comparações podem ser mostradas visualmente por meio do uso de emojis e discernidas pelo contexto do conteúdo.
Após a avaliação feita pelos especialistas da empresa, a Meta concluiu que as duas publicações configuravam discurso desumanizador ao estabelecer comparações entre pessoas e animais com base em características protegidas — prática proibida pela política Conduta de Ódio.
No primeiro caso, a Meta observou que o conteúdo reutilizava a cena de um filme para comentar sobre o recrutamento de jogadores por clubes europeus, sugerindo que Real Madrid e Barcelona disputam atletas brasileiros (em sua maioria negros) da mesma forma que os personagens da cena disputam a posse de um macaco.
Considerando incidentes recentes de cunho racista, nos quais torcedores rivais compararam alguns desses atletas a macacos, a empresa concluiu que o emoji de macaco presente no vídeo tinha o objetivo de associar brasileiros negros a macacos.
No segundo caso, a Meta concluiu que o comentário do usuário parecia equiparar pessoas negras a macacos ao utilizar o emoji de macaco para se referir a elas.
A Diretoria selecionou esses casos para explorar o uso do "algospeak" e a discriminação racial on-line nos esportes. "Algospeak" é o uso de linguagem codificada ou emojis para transmitir mensagens desumanas ou de ódio a fim de contornar sistemas automatizados de moderação de conteúdo. O Conselho também pretende avaliar a aplicação dessas formas de expressão em evolução, tanto por moderadores humanos quanto por sistemas automatizados, especialmente após o anúncio da Meta, em 7 de janeiro de 2025, de que está alterando seus sistemas automatizados de detecção de violações de políticas. A empresa declarou que "continuará a concentrar esses sistemas no combate a violações ilegais e de alta gravidade", ao mesmo tempo em que dependerá de denúncias de usuários para tratar de "violações de política menos graves". Os casos são relevantes para uma das sete prioridades estratégicas da diretoria, Discurso de ódio contra grupos marginalizados.
O Comitê gostaria de comentários públicos que abordassem:
- A ocorrência, as diferentes formas e os impactos da discriminação racial e do discurso de ódio, tanto no ambiente online quanto no mundo real, com foco especial em conteúdos voltados contra pessoas negras no Brasil, na Irlanda, na Espanha e nas outras partes da Europa.
- O uso de emojis — como o emoji de macaco — ou de outras formas de linguagem codificada para atacar grupos com características protegidas em redes sociais, incluindo contextos ligados ao esporte.
Os comentários também podem abordar maneiras pelas quais esse tipo de conteúdo pode contornar algoritmos desenvolvidos para identificar e sinalizar materiais nocivos, bem como os desafios enfrentados na moderação de conteúdo, especialmente após o anúncio feito pela Meta em 7 de janeiro de 2025.
- Reflexões sobre as responsabilidades das empresas de mídia social em relação aos direitos humanos, incluindo sugestões de melhores práticas para reconhecer e combater o discurso de ódio. Isso inclui considerar o uso de emojis como forma de comunicar ideias específicas e/ou burlar mecanismos de moderação.
- A presença do racismo online e da discriminação racial em debates sobre esportes — com destaque para o futebol — e o impacto disso sobre atletas negros.
Em suas decisões, o Comitê pode emitir recomendações de políticas para a Meta.
Enquanto as recomendações não forem obrigatórias, a Meta deverá respondê-las em 60 dias.
Como tal, o Comitê está aberto a comentários públicos que proponham recomendações que sejam relevantes para os casos mencionados.
Comentários públicos
Se você ou sua organização acharem que podem contribuir com pontos de vista pertinentes que possam auxiliar na tomada de decisão em relação aos casos mencionados hoje, use o botão abaixo para enviar a sua contribuição. Lembre-se de que comentários públicos podem ser fornecidos de maneira anônima. O envio de comentários públicos ficará disponível por 14 dias, encerrando às 23h59, horário padrão do Pacífico (PST), na quinta-feira, 30 de outubro.
O que vem a seguir
Nas próximas semanas, os membros do Conselho deliberarão sobre esses casos. Assim que chegarem a uma decisão, nós a publicaremos na página Decisões.