Conselho examinará remoções de discurso legítimo em caso de poema político argentino
17 de Junho de 2025
Hoje, o Conselho está anunciando um novo caso para consideração. Como parte desse processo, convidamos pessoas e organizações a enviar comentários públicos usando o botão abaixo.
Seleção de casos
Como não podemos ouvir todos os recursos, a Diretoria prioriza os casos que têm o potencial de afetar muitos usuários em todo o mundo, que são de importância crítica para o discurso público ou que levantam questões importantes sobre as políticas da Meta.
O caso que estamos anunciando hoje é:
Poema sobre protestos políticos na Argentina
2025-025-IG-UA
Recurso do usuário para restaurar o conteúdo
Envie um comentário público usando o botão abaixo
Em janeiro de 2025, um usuário do Instagram na Argentina publicou um carrossel de imagens com apenas texto em espanhol que formam um poema. A publicação foi compartilhada ao mesmo tempo em que ocorriam protestos na Argentina contra um discurso feito pelo presidente do país, Javier Milei, no Fórum Econômico Mundial, durante o qual ele criticou o "feminismo radical" e a "agenda LGBT". O poema inclui uma crítica mais ampla ao tratamento dado pelo governo aos grupos marginalizados e é uma convocação para que as pessoas protestem. Na segunda imagem da postagem, o poema especula que o leitor pode não se sentir tão diretamente afetado pelo contexto político porque não é um "puto, trava, mulher, aposentado ou estudante". O poema então apela ao leitor, dizendo que o autor protestará pelos direitos daqueles que escolheram ficar em casa quando "eles vierem procurar você". Puto e trava são usados para se referir a homens gays e mulheres trans, respectivamente, e são considerados insultos em países latino-americanos, inclusive na Argentina.
A publicação foi curtida cerca de 1.000 vezes e compartilhada menos de 50 vezes. A segunda imagem foi visualizada cerca de 6.000 vezes e não foi denunciada por nenhum usuário.
Um dia após a publicação do conteúdo, os sistemas automatizados do Meta identificaram a segunda imagem contendo os dois insultos como potencialmente violadora e a enviaram para revisão em escala por um moderador humano. Somente essa imagem, e não todas as imagens do carrossel, ficou visível para o revisor, que determinou que ela violava a política de Conduta Odiosa do Meta. Como resultado, o Meta removeu a imagem e aplicou um strike padrão contra o usuário. No mesmo dia, o usuário recorreu da decisão do Meta, e um segundo revisor manteve a decisão original.
O usuário que publicou o conteúdo recorreu ao Conselho. Em sua declaração, eles disseram que o conteúdo "é uma peça reflexiva e crítica [...] compartilhada com a intenção de promover a compreensão e inspirar conversas sobre responsabilidade coletiva e direitos humanos". Afirma ainda que "a postagem usou linguagem artística e instigante para envolver o público de forma significativa, sem promover o ódio, a discriminação ou a violência".
Quando a Diretoria selecionou esse caso, os especialistas da Meta analisaram a publicação novamente. A empresa reverteu sua decisão original, restaurando a imagem ao carrossel e revertendo o ataque à conta do usuário. Embora o Meta remova o conteúdo "que descreva ou vise negativamente pessoas com calúnias" de acordo com sua política de Conduta de Ódio, a empresa permite o uso de calúnias em determinadas circunstâncias, por exemplo, para condenar um discurso ou fazer uma reportagem sobre ele. Esse tipo de exceção se aplica quando a intenção do locutor é clara. De acordo com o Meta, quando lidos no contexto do carrossel completo de imagens, os xingamentos nesse caso foram usados para condenar o tratamento dado pelo governo a grupos marginalizados.
A Diretoria selecionou esse caso para abordar a questão recorrente de discursos políticos legítimos que são erroneamente removidos pela Meta. O caso se enquadra na prioridade estratégica da Diretoria de Eleições e Espaço Cívico.
A Diretoria gostaria de receber comentários públicos que abordem o seguinte:
- Como o Meta deve abordar a moderação de conteúdo que contenha possíveis insultos quando esses insultos forem usados em discurso político e/ou expressão artística.
- O significado e o uso dos termos "puto" e "trava" nesse caso específico e de forma mais ampla, bem como os possíveis impactos resultantes de seu uso.
- Os riscos associados ao discurso de ódio contra pessoas LGBTQIA+ em plataformas de mídia social, bem como a importância dessas plataformas para a conscientização de pessoas LGBTQIA+ na Argentina.
- Contexto das medidas governamentais e da discussão política sobre os direitos das mulheres e das pessoas LGBTQIA+ na Argentina.
- Aplicação do Meta de conteúdo que compreende várias partes, como um carrossel de várias imagens.
- A abordagem do Meta em relação às ferramentas e práticas de moderação de conteúdo ao lançar recursos de notícias e tipos de conteúdo.
Como parte de suas decisões, o Conselho pode emitir recomendações de políticas para a Meta. Embora as recomendações não sejam obrigatórias, a Meta deve respondê-las no prazo de 60 dias. Dessa forma, a Diretoria agradece comentários públicos que proponham recomendações relevantes para esse caso.
Comentários do público
Se você ou sua organização acharem que podem contribuir com perspectivas valiosas que podem ajudar a tomar uma decisão sobre o caso anunciado hoje, você pode enviar suas contribuições usando o botão abaixo. Observe que os comentários públicos podem ser fornecidos de forma anônima. A janela de comentários públicos ficará aberta por 14 dias, encerrando-se às 23h59, horário padrão do Pacífico (PST), na terça-feira, 1º de julho.
O que vem a seguir
Nas próximas semanas, os membros do Conselho deliberarão sobre esse caso. Assim que chegarem a uma decisão, nós a publicaremos na página Decisões.
